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Rômero e a quebra de uma tradição

Olha pro céu meu amor…. Vê como ele está lindo… Olha praquele balão multicor… Que lá no céu vai subindo”. Quem nunca se emocionou na abertura do São João de Campina Grande com essa obra prima de Luiz Gonzaga na voz e interpretação do cantor paraibano Jairo Madruga? Pois é, essa foi a abertura do São João de Campina Grande por longos 33 anos consecutivos, até a privatização da organização da festa na gestão do prefeito Romero Rodrigues (PSDB) nos últimos dois anos.

E assim, um artista que dedicou mais de três décadas abrindo a noite do “Maior São João do Mundo” simplesmente foi esquecido pela falta de sensibilidade de gestores que não sabem o valor de uma tradição. Jairo Madruga começou a abrir os festejos juninos em Campina no final dos anos 1980 na gestão do saudoso Ronaldo Cunha Lima e, de lá para cá passaram-se as gestões de Cássio, Félix Araújo, Cozete Barbosa, Veneziano Vital sempre mantendo viva essa tradição e embalando os casais apaixonados na noite de São João do Parque do Povo.

A gestão de Romero, que privatizou a organização da festa, ficará marcada pela quebra de uma tradição e pela promoção de uma grande festa pra “moçada curtir”, afinal por que manter a tradição, se o povo gosta é dos “safadões”, dos “GD” e dos descolados artistas do momento? Este ano serão grandes atrações do Sertanejo, Xandi Aviões, GD,  muito forró estilizado e, claro, algumas pitadas de forró para “inglês ver”, como Sirano e Sirino, Tom Oliveira e Elba Ramalho, que ficou de fora, mas foi incluída posteriormente dada a repercussão negativa em deixar de fora a madrinha da festa.  O “moderno”  venceu a tradição!

E assim caminha a humanidade… nossas tradições vão sendo esquecidas como sapatos velhos e empoeirados…. gente como Jairo Madruga e sua inseparável viola não têm valor, e manter a tradição não gera dinheiro, lucro. Enquanto isso, artistas como Jairo madruga perambulam de bar, em bar, de mesa em mesa, cantando seus gostos e desgostos da difícil vida de um autêntico artista que não abandona sua arte. Faz disso sua missão de vida, de sobrevivência, de resistência. E Viva a Cultura Paraibana!  E Viva São João!

 

 

Clóvis Gaião

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