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Ricardo, entre o protagonismo nacional e a paixão pela sua “aldeia”

O governador Ricardo Coutinho (PSB) confirmou, em entrevista, que recebeu convite para assumir a presidência da Fundação João Mangabeira, entidade criada pelo PSB nacional em 1990, que tem como missão a formação política e a formulação de políticas públicas socialistas.  “Tem uma discussão sobre isso, mas só vou decidir isso após sair do Palácio da Redenção. Mas a questão é que eu nunca consegui ser metade de nada. Sempre sou inteiro e até o dia 31 eu continuo apaixonadíssimo por um monte de coisa que o estado está fazendo”, explicou o socialista.

Os resultados obtidos à frente do governo do Paraíba nos últimos oito anos  e a lacuna de lideranças nacionais no próprio PSB, colocam Ricardo Coutinho na vitrine por transitar bem entre os partidos de esquerda como PT, o PC do B, o PDT e setores do PSOL. A própria deputada federal paraibana, Luiza Erundina (PSOL/SP), defendeu publicamente que o Brasil precisava de um presidente com a coragem e o perfil Ricardo.

Não é a toa que a cúpula nacional do PSB busque com Ricardo Coutinho refazer o caminho trilhado pelo ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que vinha se projetando para ser presidente do país, projeto interrompido drasticamente por um acidente aéreo em agosto de 2014. Desde então, o partido carece de uma liderança nacional e precisa refazer esse trajeto na atual conjuntura de desgaste das esquerdas.

Nas últimas eleições, Ricardo marcou posição pela união das esquerdas, se manteve fiel a sua história apoiando o candidato do PT e liderando uma oposição no Nordeste as práticas conservadores e de direita do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Na Paraíba demonstrou força política, ajudando a eleger o seu secretário João Azevêdo governador com mais de 58% dos votos, além de uma tropa socialista em Brasília como o senador Veneziano Vital e o deputado federal Gervásio Maia, ambos do PSB. De quebra venceu grandes adversários como os Cartaxo e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB).

Após deixar um governo gozando de aprovação popular, dinheiro em caixa e um cabedal de obras e políticas públicas, Ricardo Coutinho naturalmente se torna uma referência no Nordeste onde todos os governadores fizeram oposição política ao presidente eleito. Assumir a Fundação João Mangabeira lhe dará uma interlocução com o partido em âmbito nacional e com instituições de todo país, sem, contudo, tirar o foco da Paraíba e da sua “aldeia” chamada João Pessoa. A cidade onde iniciou sua militância política, a partir de 1º de janeiro, certamente não sairá da sua cabeça.

 

Clóvis Gaião

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