O governo Bolsonaro passa por turbulências e uma perda súbita de popularidade em menos de três meses. Com uma oposição acuada, o principal adversário do governo é o próprio governo que ainda bate cabeça com as posições polêmicas na política externa, falta de projetos para enfrentamento do desemprego e estagnação econômica e as tuitadas do presidente e da família Bolsonaro.
Como se não bastasse tudo isso, o governo Bolsonaro entra num embate perigoso com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), de que ele estaria promovendo a “velha política” com troca de cargos e favores para a aprovação da Reforma da Previdência. Maia reagiu e reclamou dos ataques que tem recebido do clã Bolsonaro e seu exército de digital e aconselhou o presidente a dedicar mais tempo a articulação para aprovação da reforma e menos com o twitter.
O bate boca entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o deputado Rodrigo Maia expõe a dificuldade na articulação do Palácio do Planalto e joga o governo num terreno arenoso de embate com o parlamento, justamente num momento em que vê despencar a sua popularidade. Faz isso num momento inapropriado e com menor popularidade diante da necessidade de aprovar uma reforma da previdência necessária, mas que peca ao penalizar majoritariamente os trabalhadores, agricultores e idosos de baixa renda e privilegiar os militares.
A história política do país mostra que o embate com o parlamento ajudou a derrubar dois ex-presidentes, Fernando Color (PRN) e Dilma Rousseff (PT) em momentos em que também sofriam com a baixa popularidade. Neste domingo (24), o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou, que o presidente que não entende que “partidos são fracos, o Congresso é forte” não governa e “pode cair”. O presidente que não entende isso não governa e pode cair. Maltratar quem preside a Câmara é o caminho para o desastre”, disse FHC, que também pediu bom senso aos governantes em sua conta no Twitter.
Neste cenário em que até parlamentares do PSL, partido do presidente, estão contra pontos da reforma da previdência, o governo Bolsonaro deve saber sair do “palanque ideológico” e buscar articular de forma republicana com os deputados. Não há crime em negociar espaços com os partidos, desde que os nomes atendam a critérios técnicos e éticos, e os interesses da nação sejam preservados. Se não entender isso Bolsonaro poderá cair numa areia movediça e ficar atolado até o pescoço pela sua própria demagogia.