A afirmativa de que o Brasil trocou os livros pelas armas nunca foi tão atual. O corte de 30% na verba das instituições de ensino federal pode inviabilizar o funcionamento da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), do UFCG e do IFPB. A redução atinge em cheio o custeio dessas instituições, o número de vagas a serem ofertadas e a concessão de bolsas para pesquisa.
O assunto preocupa a comunidade acadêmica como a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) está tentando agendar uma audiência com o ministro da educação para mostrar as planilhas e demonstrar que o corte inviabiliza o funcionamento das universidades. Somente na UFPB o corte foi de R$ 45 milhões. “O quadro é gravíssimo. Nós não vamos ter como fechar as nossas contas. Espero que possa ser revertido”, alertou a reitora da UFPB, Margareth Diniz.
Hoje diversos alunos dos institutos federais da Paraíba divulgaram vídeos com a mensagem “tire as mãos do meu IF”. As mensagens viralizaram e acedem a luz amarela de uma possível greve nas universidades públicas, algo que não acontecia há anos e é algo muito ruim para os estudantes. A preocupação de toda a comunidade acadêmica é que o aperto nas universidades reflita na piora da qualidade do ensino e, até mesmo, inviabilize alguns cursos, principalmente os de humanas que sofrem patrulhamento ideológico do governo de extrema direita implantado no país.
A justificativa do ministro Abraham Weintraub de que esses recursos irão para a educação infantil não é plausível, já que dentro do bolo orçamentário existem áreas menos estratégicas para um remanejamento para a educação infantil e também está sendo penalizada com os cortes no Fundeb. Bolsonaristas defendem os cortes cobrando das universidades uma maior contrapartida social ou até condenando protestos mais ousados de uma minoria da comunidade acadêmica. Um subterfúgio, pois não justifica o mal para o futuro da nação.
O valor de um jovem que tem acesso a educação de qualidade desde o ensino básico até o superior chegar com mérito próprio ao mercado de trabalho, não tem preço. O esforço de décadas de professores e alunos para tornarem cursos como engenharia elétrica, computação, design gráfico como referências no País e com conceito máximo, não tem preço. O papel social dos hospitais universitários, não tem preço. São construções coletivas realizadas ao longo do tempo que não podem ser destruídas por uma canetada dos seguidores das “selfies de arminha”.
O que se vê é um verdadeiro desmonte da educação superior e técnica e do pensar crítico da sociedade promovida por um presidente que, com sua traiçoeira caneta bic, se delicia em acabar ou sufocar avanços do governo do ex-presidente Lula com programas como o Prouni (Programa Universidade para Todos), Fies, a interiorização do ensino técnico e superior e a suspensão do programa de intercâmbio do Ciências sem Fronteiras.
O Brasil vive um momento crucial e se a sociedade como um todo não reagir às ações de perseguição às universidades, aos direitos dos trabalhadores e ao abandono de políticas publicas nas áreas de segurança alimentar, agricultura, habitação e de cidadania a nação pagará um preço muito alto no futuro.