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Após insultar educadores e alunos, Bolsonaro consegue reunificar forças progressistas em defesa da educação pública

A declaração estapafúrdia do presidente da república Jair Bolsonaro sacodiu o país neste dia 15 de maio, primeira grave geral de todas as universidades públicas. Enquanto milhões de pessoas de 173 cidades do país foram às ruas protestar contra os cortes nas universidades federais, o presidente no alto de sua verborragia e empolgado para receber o título criado por ele nos EUA, acusou os protestantes de serem “militantes inocentes úteis e imbecis a serviço de uma minoria dentro das universidades”.

De uma tacada só o presidente conseguiu insultar não apenas os alunos e professores, mas reitores e pessoal administrativo das universidades. Além dos pais dos alunos que investiram anos para que chegassem à universidade para ouvir da boca do comandante do país em rede nacional que seus filhos são inocentes úteis e imbecis, simplesmente por irem às ruas protestar contra os cortes de 30% nas verbas das universidades. Lutar pelo direito de se formarem e desenvolverem pesquisas científicas e sociais dentro das universidades.

São atitudes como essa que demonstram cada vez mais que não vivemos em uma plena democracia, mas numa ditadura eleita por parcela da população que realmente acredita que os estudantes são imbecis e as universidades não servem para nada. É triste, mas muita gente não consegue ver o quão significativo representa um jovem chegar à universidade, ter um pensamento crítico e lutar contra injustiças sociais e governos que combatem o livre pensar de um povo.

Em pelo menos uma coisa Jair Bolsonaro e sua trupe é prodiga. Em criar polêmicas que vem conseguindo unir os partidos de esquerda e as forças progressistas do país contra o massacre que vem sofrendo o ensino superior no Brasil. Em uma sessão especial realizada nesta quinta-feira (15) pela Assembleia Legislativa da Paraíba se viu reitores, professores, técnicos e alunos das universidades públicas e da rede privada, além de parlamentares de vários partidos unidos em torno de uma causa: a educação pública.

A situação das universidades federais de todos os estados brasileiros é grave. A reitora da UFPB, Margareth Alves, afirmou que o bloqueio de R$ 44.742.865,00 de recursos de custeio e capital, o que equivale a 45,5% dos recursos, ocasionará a suspensão de serviços como segurança, limpeza, energia e bolsas de estudantes e monitoria. “Precisamos do apoio da sociedade e dos parlamentares, pois só temos recursos para funcionar até o final do mês de setembro e caso não seja dada uma solução a universidade para”.

A deputada estadual Cida Ramos destacou a importância do debate e da mobilização da sociedade para a garantia das instituições no estado. “É fundamental que a Assembleia se posicione em defesa da educação pública de qualidade, da pesquisa e do conhecimento. Como professora que sou, estou honrada da Assembleia poder fazer isso, pois as consequências desses cortes são gravíssimas para todo paraibano. A UFPB não é só ensino, é pesquisa, é extensão, é hospital universitário e a Paraíba não pode prescindir de sua universidade e de seus centros tecnológicos”, declarou.

A estudante de Ecologia da UFPB, Lynthelly Viana, de 24 anos, relatou os possíveis problemas com a paralisação da universidade. “Pessoalmente, é um problema muito sério, porque eu vim do Rio de Janeiro só para estudar. Eu só vivo aqui estudando, porque eu tenho a possibilidade de morar dentro da residência estudantil e também por participar de projetos de extensão, monitoria e pesquisa científica. Com uma bolsa me mantenho em Rio Tinto. Eu saí da casa dos meus pais e não tenho onde morar. Então, se eu perder o acesso à universidade,não terei nenhuma perspectiva de vida”, assim como Lynthelly, os cortes vão acabar com o sonho de milhares de jovens de se formarem.

Clóvis Gaião

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