O presidente Jair Bolsonaro terá que engolir no seco a visão e iniciativa de dois Joãos. O primeiro o governador de São Paulo, que acreditou no potencial do instituto Butantã e contratou ainda no ano passado a vacina Coronavac, e o segundo o governador da Paraíba, João Azevêdo, um dos primeiros governadores a também negociar com o instituto, seguindo os passos de São Paulo.
Dois homens públicos que acreditaram na ciência e na tradição de um instituto brasileiro e referência nos mais variados tipos de vacinas. Cientistas, epidemiologistas, sanitaristas que dedicaram dias em noites para conter a sangria de mortes (mais de 200 mil brasileiros) que nos deixaram precocemente. Ao governador João Azevêdo o reconhecimento por negociar com maestria e equilíbrio com o Ministério da Saúde e também com o instituto Butantã.
Dentre as bravatas diárias de um presidente falastrão, que nega a ciência e encoraja seus seguidores a não usarem máscara e a desorganização do ministério da Saúde, mais de 50 países, inclusive na América Latina, já vacinava seu povo.
Diante de uma situação que ficou insustentável diante do compromisso de outros institutos de vacinas que estavam sobrecarregado para abastecer as nações que saíram na frente na corrida da vacina, o presidente e seu governo teve que se render a pressão depois que o instituto Butantã divulgou uma eficácia de 78% para os casos de Covid leve e 100% para os mais graves, um grande avanço. Surge enfim um relampejo de sanidade por parte do governo Federal.
Engolindo seco que não contrataria uma vacina chinesa, etc e tal, Bolsonaro ontem anunciou que contrataria 46 milhões de doses. Algo importante para imunizar a população de risco e com comorbidades, mas ainda insuficiente para atender aos mais de 210 milhões de brasileiros e formar uma imunidade de rebanho.
Desde o início da pandemia há 10 meses, o governo Brasileiro demonstrou que a falta de planejamento e uma postura negacionista a um problema mundial o quanto o Brasil ficou pra trás diante de nações que tomaram medidas mais enérgicas e eficazes, a exemplo da Inglaterra, Índia, Rússia, Argentina, Portugal, Estônia e os EUA no governo do Donald Trump. No Brasil não há uma data prevista, São Paulo planeja dia 25 de janeiro, iniciar as pessoas do grupo de risco e o Ministério da Saúde terá que correr contra o tempo e contratar outros institutos para garantir uma vacina confiável nos próximos meses par salvaguardar vidas e recuperar a economia.
Mas para os brasileiros comuns, que não são grupo de risco apenas o sonho distante de conseguir a vacinação ainda em 2021. Isso se os laboratórios privados não abocanharem antes a vacina fabricada na Índia e criar um mercado paralelo e de concorrência desleal com o Sistema Único de Saúde (SUS). E antes que nos contagiemos com uma espécie de cegueira coletiva como escreveu José Saramago no livro “Ensaio sobre a Cegueira”, Cuidemos, Amemos e Oremos!