O quadro eleitoral na Paraíba começou a se desenhar após o dia 7 de abril, que será lembrado como o “Dia do Fico” dos principais atores políticos: o governador Ricardo Coutinho (PSB), o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV) e o prefeito de Campina, Romero Rodrigues (PSDB). A decisão gerou mudanças significativas nesse tabuleiro onde os “Reis” são preservados e peças com menos forças como Rainha, Bispo e Cavalo estão se movendo no tabuleiro em busca do almejado xeque-mate.
A menos de quatro meses para a definição das chapas a serem apresentadas nas convenções, pelo menos três candidatos a governador competitivos estão postos no tabuleiro; o engenheiro João Azevedo (PSB), candidato do governador Ricardo Coutinho, o farmacêutico Lucélio Cartaxo (PV), irmão gêmeo do prefeito de João Pessoa e o ex governador e senador José Maranhão (MDB). Correndo por fora, tem, ainda, a postulação da vice-governadora Lígia Feliciano (PDT), que tenta apoios políticos para a disputa, já que seu partido conta com poucos prefeitos, e nenhum deputado além de Damião Feliciano. E do professor Tárcio (PSOL), que representa setores da esquerda mais radical.
João Azevedo foi o primeiro que colocou o seu nome como pré- candidato e, desde janeiro, intensificou suas andanças entregando obras e dialogando com lideranças e a população nos municípios. Mesmo com seu perfil técnico de engenheiro e secretário de Ricardo desde 2005 tem vestido bem a roupa de político, liderando a articulação com os 16 partidos da base aliada e legendas descontentes com a condução da oposição. Nas últimas semanas, apesar de ter perdido o PV, conquistou o apoio do PRB, de Hugo Mota, do Podemos de Lindolfo Pires, o PMN de Lídia Moura, o PC d B e trouxe o deputado federal Veneziano para o PSB na condição de postulante ao Senado.
José Maranhão, também posicionou seu nome com antecedência, e tenta firmar acordos políticos com partidos como o PR, de Wellignton Roberto, o PP, dos Ribeiros e até a vice-governadora Lígia Feliciano. Apesar do “recall” de obras no estado como adutoras e hospitais, sua candidatura carece de base política tendo perdido lideranças fortes como os deputados federais Veneziano e André Amaral e os deputados Hugo Mota e Nabor e o vice-prefeito Manoel Júnior. Recebeu no partido, contudo, o deputado federal Benjamin, seu sobrinho. Demonstra fragilidade político partidária, mas sua força não pode ser menosprezada dada a sua experiência.
O nome de Lúcelio Cartaxo surgiu após uma série de recuos, dentre eles do seu irmão Luciano, depois dos tucanos Romero Rodrigues e Pedro Cunha Lima, ou seja, é uma quarta opção. Lucélio foi alçado como candidato a governador pelo PV com o apoio do Senador Cássio (PSDB), que vê na estratégia a chance de somar votos em Campina e em João Pessoa, onde sempre enfrentou forte rejeição e salvar seu mandato.
A aliança com o PSDB, que deve indicar o candidato a vice e um dos senadores, acabou desagradando partidos da oposição como o PP, o PR, o PSC e o próprio MDB, que se sentiram “escanteados no processo e não digeriram bem o nome de Lucélio. O candidato, que foi superintendente da CBTU e do Porto de Cabedelo, nunca exerceu mandato e disputou o senado em 2014 perdendo para José Maranhão. Existe muita desconfiança, principalmente dos prefeitos, em torno da viabilidade de Lucélio que é pouco conhecido no Estado e possui oratória limitada.
Os próximos meses serão de muitas articulações, conversas e especulações. Novas peças se colocam como “Rainhas” no tabuleiro como Daniela Ribeiro e Lígia Feliciano, além do DEM, de Efraim Morais, do PTB, de Wilson Santiago, o PSC e o PT para os espaços que ainda restam nas chapas majoritárias. Até o dia 5 de agosto, prazo final para as convenções, “muita água vai passar debaixo da ponte” e como disse o ex-presidente Getúlio Vargas: “Às vezes, vencer é saber esperar”.